Só agora eu me dei conta de que não contei o que virou minha conversa com a diretora sobre a professora da Luisa, que eu comentei aqui.
Consegui marcar um horário com a diretora no dia seguinte, exatamente depois das reuniões que eu tinha com as professoras do Eduardo e da Helena. Para piorar a situção da Luisa, eu tive que ir com todo mundo para as reuniões e as professoras dos dois mais velhos foram só elogios para eles. Eu senti que a Luisa estava bem chateada de ver os irmãos tendo a reunião que ela tinha imaginado para si.
Quando cheguei na sala da diretora o sangue já estava fervendo, o que foi bom, porque meu inglês ficou afiadíssimo e eu nem precisava pensar para encontrar as palavras. É engraçado como a adrenalina me ajuda na hora de falar inglês!
Eu contei para a diretora sobre a reunião e a maneira negativa que a professora conduziu aquele encontro. Falei que não tive a oportunidade de ver nenhum dos trabalhos realizados pela Luisa porque a professora só focou a reunião nas coisas "erradas" que a Luisa tinha feito. E de uma história eu fui emendando outra e acabei contando também que a Luisa não foi avaliada no ano anterior e que só entrou no club 22 em junho, apesar de já estar lendo as sight words desde março. Também disse que eu tentei conversar com a professora 4 vezes somente de setembro até novembro mas que de alguma forma nós não estávamos conseguindo nos comunicar e que eu precisava de uma ajuda externa porque a Luisa estava sofrendo muito.
E contei de todos os problemas que eu estava tendo com a Luisa: ela acordava super animada para ir para a escola, mas quando chegava na porta não queria entrar, ela reclamava que não tinha amigos (depois eu descobri que todas as amigas delas foram para a outra classe e ela ficou sozinha com crianças novas ou com quem ela não tinha amizade). Enfim, falei pelos cotovelos!
O que me animou muito foi que a diretora ficou bastante surpresa com meu relato e, ao contrário do que eu esperava, ela não ficou defendendo a professora. Ela me pareceu bem desapontada com o que a professora estava fazendo, a começar pelo fato de fazer críticas à Luisa na frente dela. A diretora disse que ela tinha que ter pedido para a Luisa se retirar, se tinha reclamações a fazer.
Eu tb deixei bem claro que não estava querendo elogios e paparicações, mas a maneira de conduzir estes problemas estava errada na minha opinião. A diretora concordou comigo e disse que com muito "tato" ia conversar com a professora.
Conhecendo a diretora e o seu "tato", eu saí daquela reunião bem mais aliviada e ao mesmo tempo fiquei com pena da professora: sabe aquela pessoa que chega dando voadora e depois pergunta se estava tudo bem?
Na segunda-feira a professora não conseguia sequer olhar para minha cara. Quando a Luisa saiu para ir embora, ela deu tchau para a Luisa, sorriu para mim, mas os olhos permaneceram no chão. Alí eu percebi que a diretora já tinha conversado com ela. Só que a semana passou e ninguem veio me dar uma posição a respeito do que estava sendo feito para resolver os problemas. Minha filha estava chorando para entrar na escola, estava reclamando que se sentia sozinha, que a professora não gostava dela e apesar de saber que as duas haviam conversado, ficou tudo por isso mesmo.
Na sexta-feira eu fui bater na sala da diretora novamente: queria saber quais foram as providências tomadas. Falei com ela e me arrependi imediatamente. A diretora me olhou com os olhos irados e perguntou bem séria:
- A Mrs. fulana não marcou um horario para falar com vc? Pois se ela não marcar um horário até sexta feira da semana que vem, venha aqui que eu vou resolver isso!
Fui pra casa chateada: a diretora ia ter mais uma conversa com a professora!
Por coincidência, no dia seguinte eu me atrasei para buscar a Luisa e quando cheguei as duas estavam dentro da sala pintando. Eu entrei, pedi desculpas, chamei a Luisa, mas a professora levantou e eu pensei que ela ia voar no meu percoço. O cabelo dela estava meio esvoaçante e a cara estava diferente... com raiva, vermelha... juro que fiquei com medo e vontade de rir ao mesmo tempo. Ela pegou um banquinho, colocou ao lado do dela e disse:
- Vamos aproveitar para conversar!
Então ela me explicou que esta fazendo um trabalho de reforso positivo com a Luisa e me mostrou varias coisas em que eles estao trabalhando, bla bla bla e de repente, ela soltou:
- E eu gostaria que as coisas fossem discutidas entre nós, sem colocar a diretora no meio.
Com muita educação, mas muita firmeza, eu expliquei a ela que estava tentando conversar com ela desde setembro, quando as aulas começaram. Disse que na verdade desde o ano anterior quando por algum motivo ela não deixava a Luisa entrar no club 22. Disse que ela não me ouvia e que sempre, acabava jogando a culpa em mim e fazendo com que eu me sentisse culpada por tudo o que acontecia na escola. E que apesar das reclamaçoes constantes dela, a Luisa estava se desenvolvendo, aprendendo e me contando varias coisas que ela realizava na escola, mas tb me disse repetidas vezes que a professora não gostava dela e não acreditava nela.
Comentei que a reunião que tivemos na semana anterior foi terrivel e que ela só mostrou coisas negativas da Luisa e o pior, na frente da Luisa. Que nós saímos da reunião e a Luisa estava arrasada e que tudo foi muito negativo. Ela tentou argumentar que fez elogios também e eu disse:
-Desculpe, mas "sometimes" (as vezes) ou "with reminders" (sendo lembrada) não é positivo.
E neste momento meu coração de manteiga amoleceu porque os olhos dela se encheram de lágrimas e ela não conseguiu argumentar. Apesar de não ter pedido desculpas, ela disse que quer o melhor para todos os alunos dela, que não quis magoar a Luisa nem me fazer sentir culpada, bla bla bla e eu fiquei morrendo de pena... Terminei aquela conversa dizendo que nós tinhamos que trabalhar juntas e que eu estava sempre à disposição para ajudar no que fosse preciso e que continuaria apoiando o trabalho dela.
Desde aquela conversa nossa relação que nunca foi das melhores se tornou neutra. Tudo na maior educação e polidez possivel. Ela agora sempre me fala o que estao fazendo, como a Luisa esta se desenvolvendo, mas existe uma parede de concreto entre a gente. Ao mesmo tempo a Luisa me conta que leu um livro para a diretora, que fez não sei o que na sala da diretora...
De minha parte, eu procuro não falar mal da professora na frente dela, continuo ajudando-a em casa e estou tentando aproxima-la dos outros coleguinhas da classe. As vezes as coisas parecem bem, as vezes a Luisa sai da escola triste, diz que sentiu saudades de mim ou diz que não gosta da professora.
O que nos espera pelos proximos 6 meses eu não sei, mas pelo menos no final de junho a Luisa e eu nos livraremos definitivamente desta professora e ela da minha família. Até lá, fico atenta a tudo, converso bastante com minha filha e presto muita atençao ao que ela me fala.
Consegui marcar um horário com a diretora no dia seguinte, exatamente depois das reuniões que eu tinha com as professoras do Eduardo e da Helena. Para piorar a situção da Luisa, eu tive que ir com todo mundo para as reuniões e as professoras dos dois mais velhos foram só elogios para eles. Eu senti que a Luisa estava bem chateada de ver os irmãos tendo a reunião que ela tinha imaginado para si.
Quando cheguei na sala da diretora o sangue já estava fervendo, o que foi bom, porque meu inglês ficou afiadíssimo e eu nem precisava pensar para encontrar as palavras. É engraçado como a adrenalina me ajuda na hora de falar inglês!
Eu contei para a diretora sobre a reunião e a maneira negativa que a professora conduziu aquele encontro. Falei que não tive a oportunidade de ver nenhum dos trabalhos realizados pela Luisa porque a professora só focou a reunião nas coisas "erradas" que a Luisa tinha feito. E de uma história eu fui emendando outra e acabei contando também que a Luisa não foi avaliada no ano anterior e que só entrou no club 22 em junho, apesar de já estar lendo as sight words desde março. Também disse que eu tentei conversar com a professora 4 vezes somente de setembro até novembro mas que de alguma forma nós não estávamos conseguindo nos comunicar e que eu precisava de uma ajuda externa porque a Luisa estava sofrendo muito.
E contei de todos os problemas que eu estava tendo com a Luisa: ela acordava super animada para ir para a escola, mas quando chegava na porta não queria entrar, ela reclamava que não tinha amigos (depois eu descobri que todas as amigas delas foram para a outra classe e ela ficou sozinha com crianças novas ou com quem ela não tinha amizade). Enfim, falei pelos cotovelos!
O que me animou muito foi que a diretora ficou bastante surpresa com meu relato e, ao contrário do que eu esperava, ela não ficou defendendo a professora. Ela me pareceu bem desapontada com o que a professora estava fazendo, a começar pelo fato de fazer críticas à Luisa na frente dela. A diretora disse que ela tinha que ter pedido para a Luisa se retirar, se tinha reclamações a fazer.
Eu tb deixei bem claro que não estava querendo elogios e paparicações, mas a maneira de conduzir estes problemas estava errada na minha opinião. A diretora concordou comigo e disse que com muito "tato" ia conversar com a professora.
Conhecendo a diretora e o seu "tato", eu saí daquela reunião bem mais aliviada e ao mesmo tempo fiquei com pena da professora: sabe aquela pessoa que chega dando voadora e depois pergunta se estava tudo bem?
Na segunda-feira a professora não conseguia sequer olhar para minha cara. Quando a Luisa saiu para ir embora, ela deu tchau para a Luisa, sorriu para mim, mas os olhos permaneceram no chão. Alí eu percebi que a diretora já tinha conversado com ela. Só que a semana passou e ninguem veio me dar uma posição a respeito do que estava sendo feito para resolver os problemas. Minha filha estava chorando para entrar na escola, estava reclamando que se sentia sozinha, que a professora não gostava dela e apesar de saber que as duas haviam conversado, ficou tudo por isso mesmo.
Na sexta-feira eu fui bater na sala da diretora novamente: queria saber quais foram as providências tomadas. Falei com ela e me arrependi imediatamente. A diretora me olhou com os olhos irados e perguntou bem séria:
- A Mrs. fulana não marcou um horario para falar com vc? Pois se ela não marcar um horário até sexta feira da semana que vem, venha aqui que eu vou resolver isso!
Fui pra casa chateada: a diretora ia ter mais uma conversa com a professora!
Por coincidência, no dia seguinte eu me atrasei para buscar a Luisa e quando cheguei as duas estavam dentro da sala pintando. Eu entrei, pedi desculpas, chamei a Luisa, mas a professora levantou e eu pensei que ela ia voar no meu percoço. O cabelo dela estava meio esvoaçante e a cara estava diferente... com raiva, vermelha... juro que fiquei com medo e vontade de rir ao mesmo tempo. Ela pegou um banquinho, colocou ao lado do dela e disse:
- Vamos aproveitar para conversar!
Então ela me explicou que esta fazendo um trabalho de reforso positivo com a Luisa e me mostrou varias coisas em que eles estao trabalhando, bla bla bla e de repente, ela soltou:
- E eu gostaria que as coisas fossem discutidas entre nós, sem colocar a diretora no meio.
Com muita educação, mas muita firmeza, eu expliquei a ela que estava tentando conversar com ela desde setembro, quando as aulas começaram. Disse que na verdade desde o ano anterior quando por algum motivo ela não deixava a Luisa entrar no club 22. Disse que ela não me ouvia e que sempre, acabava jogando a culpa em mim e fazendo com que eu me sentisse culpada por tudo o que acontecia na escola. E que apesar das reclamaçoes constantes dela, a Luisa estava se desenvolvendo, aprendendo e me contando varias coisas que ela realizava na escola, mas tb me disse repetidas vezes que a professora não gostava dela e não acreditava nela.
Comentei que a reunião que tivemos na semana anterior foi terrivel e que ela só mostrou coisas negativas da Luisa e o pior, na frente da Luisa. Que nós saímos da reunião e a Luisa estava arrasada e que tudo foi muito negativo. Ela tentou argumentar que fez elogios também e eu disse:
-Desculpe, mas "sometimes" (as vezes) ou "with reminders" (sendo lembrada) não é positivo.
E neste momento meu coração de manteiga amoleceu porque os olhos dela se encheram de lágrimas e ela não conseguiu argumentar. Apesar de não ter pedido desculpas, ela disse que quer o melhor para todos os alunos dela, que não quis magoar a Luisa nem me fazer sentir culpada, bla bla bla e eu fiquei morrendo de pena... Terminei aquela conversa dizendo que nós tinhamos que trabalhar juntas e que eu estava sempre à disposição para ajudar no que fosse preciso e que continuaria apoiando o trabalho dela.
Desde aquela conversa nossa relação que nunca foi das melhores se tornou neutra. Tudo na maior educação e polidez possivel. Ela agora sempre me fala o que estao fazendo, como a Luisa esta se desenvolvendo, mas existe uma parede de concreto entre a gente. Ao mesmo tempo a Luisa me conta que leu um livro para a diretora, que fez não sei o que na sala da diretora...
De minha parte, eu procuro não falar mal da professora na frente dela, continuo ajudando-a em casa e estou tentando aproxima-la dos outros coleguinhas da classe. As vezes as coisas parecem bem, as vezes a Luisa sai da escola triste, diz que sentiu saudades de mim ou diz que não gosta da professora.
O que nos espera pelos proximos 6 meses eu não sei, mas pelo menos no final de junho a Luisa e eu nos livraremos definitivamente desta professora e ela da minha família. Até lá, fico atenta a tudo, converso bastante com minha filha e presto muita atençao ao que ela me fala.